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“Há, nesta fase, novos desafios envolvidos, como inclusão digital e cultura livre digital”

Em conferência, pesquisadora Sarita Albagli abordou aspectos históricos e perspectivas da política de informação em Ciência e Tecnologia no Brasil

Em conferência realizada na manhã de ontem (14/7) na 67ª Reunião Anual da SBPC, Sarita Albagli, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), falou sobre aspectos históricos e perspectivas da política nacional de informação em Ciência e Tecnologia no Brasil. O evento contou com a apresentação de Nelson de Luca Pretto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e teve a participação ativa do público presente com reflexões sobre o assunto.

Ao longo do encontro, Albagli fez uma retrospectiva sobre as etapas iniciais da política de C&T no País, que se iniciaram nos anos de 1950 e 1960. “Naquele momento, as políticas de informação científica e tecnológica visavam aumentar a produção e a difusão de informação científica. O foco está nos aspectos técnicos da organização, distribuição e recuperação da informação”, explicou.

Na década de 1970, o destaque fica por conta do deslocamento da ênfase na informação científica para a informação tecnológica e industrial. É, também, a época em que a Ciência e Tecnologia passa a conquistar mais aparato governamental. Já a partir de 1980, Albagli lembra que houve um deslocamento de ênfase do campo estratégico do Estado ao campo da economia. “Além disso, o termo inovação se projeta nessa época, tanto no sentido de inovação tecnológica como no sentido de inovação para o mercado. Essa preocupação começa a surgir de maneira mais incisiva”, detalhou.

Ainda na década de 1980 – mais especificamente em 1985 – é criado o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), atualmente Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). “Na década de 80, houve uma descentralização das políticas e os Estados passaram a ser mais proeminentes no âmbito da C&T. Há menos preocupação com a visão estratégica e maior foco em facilitar processos para que o mercado funcione da maneira mais efetiva possível”, explicou. A informação também começa a ser vista como direito básico e o livre acesso é mais debatido.

A partir de 1990 e dos anos 2000, há alterações significativas no âmbito das informações em C&T, devido à evolução das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e à ascensão da Internet na chamada sociedade da informação. “Há, nesta fase, novos desafios envolvidos, como inclusão digital, políticas e regimes de informação e novas possibilidades de compartilhamento, como a cultura livre digital e o movimento hacker”, apontou Albagli.

Na conferência, Albagli também refletiu sobre a utilização recente do termo “ciência aberta” e suas dimensões institucionais, organizacionais e territoriais. Segundo a palestrante, o Brasil passa por um momento de inovação institucional, em que é preciso entender como, quem, por quais motivos e de quais maneiras deve-se produzir a inovação. “A fronteira do conhecimento não se produz nas empresas, mas também nas universidades. É preciso, no entanto, que o Governo se atente para as regulações que protejam a livre circulação.”

Nelson Pretto encerrou a conferência explicando que o Brasil passa pela emergência de uma perspectiva plural com o conceito de “educações”. “Atualmente, a própria Ciência é considerada cultura e a relação com outros saberes é fundamental. Caminhamos para reformulações importantes, como a reforma da Lei do Direito Autoral, e que podem propiciar significativos avanços para o desenvolvimento do País”, afirmou.

 

Texto: Adriana Arruda (Comissão de Comunicação da Reunião Anual / CCS-UFSCar)

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