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Especialistas apresentam soluções sustentáveis com base na Química Verde

Mesa-redonda reuniu pesquisadores nacionais e estrangeiro para atualizar estudos na área

Fazer um suco de laranja e usar a casca da fruta para preparar, de modo simples, um perfume. Ou então cozinhar um frango e utilizar a gordura produzida como combustível para o carro. Estas são algumas situações sustentáveis para o futuro vislumbradas a partir do uso do conceito de Química Verde e relatadas durante a mesa-redonda “Química Verde e sustentabilidade”, que aconteceu ontem (17/7).

A atividade foi coordenada pelos professores da UFSCar Paulo Cezar Vieira e Vânia Gomes Zuin e contou com a presença dos docentes Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva, também da UFSCar, Rafael Luque, da Universidade de Córdoba (UCO), na Argentina, e Claudio Jose de Araujo Mota, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que apresentaram resultados de seus estudos na área.

“A química verde analítica considera a quantidade e a toxicidade dos reagentes e o volume e toxicidade dos resíduos gerados”, explicou Silva, que apresentou seus estudos voltados à identificação de como ocorre a interação de plantas com microrganismos. Com base na resposta dos vegetais aos parasitas, o intuito de Silva e sua equipe é obter complexos para serem usados em sistemas de manejo integrado, no combate a pragas e doenças na agricultura de citrus. “Em breve teremos condições de oferecer esses complexos”, afirmou Silva.

Luque, por sua vez, estabeleceu um contraponto entre uma refinaria de petróleo e uma biorrefinaria, que pode usar materiais de partida diversos tais como resíduos florestais, diferentes cultivos e materiais oleoginosos a fim de gerar produtos finais incluindo combustíveis, materiais, energia e compostos químicos. “Não é fácil porque a amostra dos materiais de partida e suas composições são muito complexas, diferentemente do petróleo. É complexo mas é possível”, declarou o pesquisador.

“Precisamos de energia. É por causa da energia solar que temos vida no nosso planeta, mas nossa civilização tem usado muito mais energia do que o Planeta pode nos oferecer”, salientou Mota, cuja atenção se concentra em processos envolvendo a produção de energia por meio do biodiesel. “Hoje um novo conceito é o de utilização do gás carbônico junto com energia renovável para a produção de combustíveis ou de produtos químicos para a produção de plásticos”, afirmou o docente. “As possibilidades são infinitas. Mas se quisermos um futuro daqui a 50 anos utilizando essas possibilidades, devemos mudar”, alertou Luque.

Universidade e Empresa

Luque ressaltou a interação entre a academia e as empresas para o sucesso da comercialização dos resultados dos estudos na área da Química Verde. “São pesquisas aplicadas que precisam da colaboração das empresas. Nós também criamos várias empresas spin off como resultado dos trabalhos do nosso laboratório”, contou.

“Nós, brasileiros, devemos fazer e desenvolver nossos materiais. Se não, teremos de importar fungicidas, inseticidas e outros defensores agrícolas, a um preço muito mais alto”, apontou Silva, demonstrando como a Química Verde é estratégica não apenas do ponto de vista ambiental mas, também, econômico.

 

Texto: Denise Britto (Comissão de Comunicação da Reunião Anual / CCS-UFSCar)

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